quinta-feira, 28 de agosto de 2008

1700km num final de semana

Seguindo as aventuras por terras tropicais, fomos para Barreiras. Um dos pólos agrícolas da Bahia e do Nordeste. 850km de Salvador. Acorda-se 5 da manhã, as coisas já estavam preparadas, entra-se no carro e pega-se estrada. Parecia que realmente íamos para uma aventura. Sanduíche, bolacha, água, CDs diversos. Saímos noite escura. Nem sinal do sol.

Sabia que a jornada longa. Pé embaixo desde o início. Saindo de Salvador a estrada é boa. Com o tempo a estrada mistura partes de tapete, com campos bombardeados. Logo que se abandona a região litorânea, começa mudança de paisagem. O verde e os coqueiros passam para uma cor mais pastel, dando lugar ao cerrado /caatinga. Não sei exatamente por onde passamos.


Observa-se no horizonte montanhas. Depois de Feira de Santana, a estrada fica uma reta quase infindável. Quilômetros de reta; perde-se no horizonte, por trás das elevações.

90% do tráfego era de caminhões; desses, 90% carreta e bitrem. Observa-se o transporte de cargas entre o litoral e o Centro-Oeste. Bonito de ver como havia caminhões e reboques novos. Nota-se que a economia está aquecida, e o pessoal está investindo. Nenhum momento sem ver caminhões. E aquela serra que estava longe já se aproxima.

Até a onde a vista alcance, o mesmo tipo de vegetação: baixa, muito densa, seca, e nada de vida animal ou plantação. Uma terra quase inerte. Vez por outra alguma casa ao longe, mas sempre de baixa renda. Casas sem luz, com cisternas. Cenas de Globo Reporter... As montanhas ficam para trás. E surgem novas no horizonte.

Ao longo da estrada apenas pequenos povoados. Invariavelmente o viajante é recebido e despedido com quebra-molas na BR. No máximo uma placa velha indicando a agressão. Nenhum pintado. Povoados de 300m, casas de um andar, porta e 1 ou 2 janelas. Chão batido. Nota-se que é uma fileira de casa em cada lado da estrada. Nada para trás. Algumas vendinhas, posto de gasolina, borracharia... serviços para o viajante.

E segue-se com pé embaixo. O tapete de excelente asfalto dá lugar repentinamente a terreno lunar. Mesmo caminhões baixam a velocidade e dançam pela pista fugindo dos buracos. Chega-se a segunda cadeia de montanha. Fica-se minutos atrás dos caminhões que lentamente sobem a serra. No sentido contrário, o freio acionado para descer lentamente. Cheiro de lona e embreagem no ar. Sobe-se a 20km/h. Estrada estreita e sinuosa, sem condições de ultrapassar.


Na metade do caminho, Lençóis. Nem pensar em uma parada. Parar só para abastecer.

Chegamos em Barreiras após 10h de estrada. Dos buracos, um grande eu não consegui desviar. Bati o assoalho do carro. Fiquei com medo de ter danificado. Não deu nada.

A cidade está crescendo bastante. Vê-se o comércio florescente.

Domingo, 6h06 da manhã pego a estrada de volta. Agora um pouco mais consciente do que vou encontrar pela frente. UM pouco menos de caminhões, carro um pouco mais leve e sem se perder em Feira de Santana. Apenas mais um buraco caio feio...
No final das contas, 2 pneus que já estavam gastos ficaram deformados e tiveram que ser trocados em Salvador. carro balançava todo. E refazer o balanceamento dos pneus que ficaram...